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Foto do escritorliardomingues

CANTO PESQUEIRO ÀS REDES DE JANAÍNA – OU QUANDO CANTO O QUE TE GOSTO




Gosto do cheiro do ar que sai de você

E de como este cheiro é compatível com o gosto de sua saliva


Gosto da penugem branca que te cobre a pele acima dos lábios

E da campina em que me fiz morada entre a descida de seu nariz e o início de suas maçãs


Gosto de sua temperatura

E do tempo que damos à calibragem dela com a minha,

Abraçadas e nuas sobre o lençol molhado


Gosto de seu maternar

E de como o toque leve de seus dedos me remetem a isso


Gosto de como seus dentes repousam

De seus suspiros e de seu ronronar

De ouvir-te dizer "uhum" em voz doce

E de quando me olha simulando mordidas - amo o som que seus dentes fazem no instante desse gesto


Gosto de como seus fios de cabelo se juntam em tiras grossas toda vez que se molham

Do marrom escuro que têm quando molhados

E do mel dourado que ganham se secos ao sol


Gosto do sexo e do giro ritmado dos quadris

Da carne farta dos lábios

Das coreografias da língua

Da afinação dos gemidos

Do gosto e da textura de suas fendas

E de nossas unhas bem cortadas


Gosto das lambidas no pé que você me ensinou

De quando me cheira a nuca e o pescoço no final da noite

De quando te beijo as costas no começo da manhã

E dos abraços dormidos que nos acompanham neste intervalo


Gosto do contraste de sua marquinha de sol

Dos shakes matinais e dos ovos profissionais

Das aberturas de intimidade

Das gentilezas cotidianas

E da grandeza que a simplicidade guarda


Gosto de você, amor

E me aperto nos fins

Por isso, te canto


Gosto de você, amor

E por te gostar tanto

Te faço este canto noturno

Com vento, estrelas e sal

Das margens do coqueiral


.


Piracanga, 29/01/2023

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