Voltei ao Sertão às 4h30 de duas sextas atrás.
Retorno ao Parque Estadual de Canudos, onde morei e orbitei por nove meses de 2019 – o tempo de uma gestação. Canudos me repariu e me repara desde que a gente começou a se conhecer.
Na primeira encruzilhada do Parque, estaciono as Mochilas no Chão Da Caatinga pra que a gente sinta a chegada mais juntas e mais forte. Observo na companhia delas o Sol nascer em um espetáculo celeste dos sertões. A Guerra aconteceu aqui.
Minhas Mochilas parecem cansadas e, do Chão, me sopram aos ouvidos que gostam mesmo é de relaxar esvaziadas dentro de um armário. De sentirem suas roupas dobradas em prateleiras e os perfumes ajeitados no banheiro. Elas gostam de espaço. De vazio. De conforto. Perguntam-me quando é que teremos casa de novo.
Feito mãe que silencia as perguntas que não sabe responder, eu apenas as olho e as pego no colo. Penduro-as nas costas. Com pedras me enfeitando o pescoço, protegendo-me os corpos, digo que vamos ver Maria primeiro. Pensaremos nisso depois...
Ao escrever-me, vejo que é nisso que temos pensado. Em casa.
Lia Rezende Domingues
Canudos, 2 de julho de 2021
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