"Agora, gosto de narrar-me como que perto do rubedo da Rosa Vermelha. Espiralo para os 28 anos. Abrem-me um novo setênio. Sinto a Lua alquimizar Minhas Memórias Uterinas. Ela nos limpa para parirmos novas histórias. O rubedo é a plenitude, a realização, a maturidade. É a última fase da transmutação da Matéria. A Rosa Vermelha seduz seus próprios demônios. Ela rebola suas Imperfeições. Ela cheira o cangote do Medo."
Foto: @biancaamoreno
Reflito que encerro certo senso de finitude das coisas. Por três anos e meio, escolho e me entrego a realidades rapidamente cambiantes. Tirando os seis meses e dois dias pandêmicos de Minha Vida Com Tê e Meus Estudos Genealógicos, não fico, desde 2018, mais de três meses na mesma casa.
Em junho, eu revisitei o Sertão de Canudos e me surpreendi com o desejo de retornar ao Vale do Capão, na Chapada Diamantina. O Capão é como um porto. Um arraial de forasteiros, nativos, naturezas e luta de classes que acolhe povos de muito tipo e de muito canto. Aqui, encontro gentes compatíveis com o que tenho sido agora. Escolho parar. Ter uma casa. Tirar as coisas da Mochila e respirar. Quero colher o que eu plantar. Apurar e descansar.
Estive usando perfume de Jasmim, uma entidade que aflora os traumas guardados nos corpos. A decisão de morar em um lugar faz com que Meu Corpo relaxe e se entregue à medicina dos aromas que aciono. Finalmente ouço Meu Corpo contar das violências às quais o submeti nas andanças pelos interiores. Testamos limites. Sustentamos desconfortos por motivos que desvendo no tempo do Tempo... Fui Artemísia, a caçadora solitária que pede Amor ao mostrar-se forte e independente...
Mas mudei. Agora, gosto de narrar-me como que perto do rubedo da Rosa Vermelha. Espiralo para os 28 anos. Abrem-me um novo setênio. Sinto a Lua alquimizar Minhas Memórias Uterinas. Ela nos limpa para parirmos novas histórias. O rubedo é a plenitude, a realização, a maturidade. É a última fase da transmutação da Matéria. A Rosa Vermelha seduz seus próprios demônios. Ela rebola suas Imperfeições. Ela cheira o cangote do Medo.
Desfruto dessa etapa antes que o ciclo recomece. Permito que o Manto Do Amor se espalhe por mim e por minhas relações. Decreto: sou Filha Do Mistério e confio no Mistério e ao Mistério Minha Vida eu deixo estar. Cruza Meu Caminho quem tem que cruzar. Troca Amor comigo quem é pra trocar.
Ao Mistério me entrego: venha, Painho, me buscar.
Mostrai-me as veredas por onde marchar.
Lia Rezende Domingues
Caeté-Açu/BA, 23 de setembro de 2021
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