Oi, Vó. Tá aí? Há poucos dias, sonhei que você já se esquecia que um dia se vestiu de carne humana e animou as memórias de quem chamamos por Elvira Isabel...
Hoje, separo as fotos da primeira visita que minha mãe me fez na Bahia.
Vivíamos seu luto ainda fresco nessa viagem.
Encontrei minha mãe no mar e inventei a história de que estivemos ali pra te entregar às águas salgadas. Você foi embora e deixou saudades, mulher. Caminhando pela areia, vi sua filha ficar mais parecida com você. Vi como ela e eu, sua neta, subimos nosso degrau na escalada familiar: é como se a gente ficasse mais velha depois de sua partida.
Foram 10 dias de chuva e resgate de sonhos. Mamãe se emocionou com os corpos dançantes e as músicas de boa qualidade. Eu me alegrei com as duas aulas de capoeira que tive coragem de fazer. Mantivemos nosso hábito de caminhadas e boas refeições.
Enamorei-me de uma moça – coisa que em Terra você não aprovaria: será menos binário o amor das alturas? – e segui pela praia, amando e lançando boas sementes de trabalho. Foi bonito e sereno – de longe, percebo isso melhor.
Agora, te escrevo da Montanha. Outras coisas acontecem por aqui. Aproveito a altitude e te deixo um beijo mais de perto.
Com amor e lembrança,
Lia.
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Caeté-Açu, 11/03/2023
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